terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Socorro!!! Papai Noel invadiu a igreja...



Neste último domingo me deparei com coisas que me deixaram meio tristes e confusas que me encheram de perguntas: Será que estou ficando velha (quadrada) ou será que a igreja está forçando uma modernidade errada? Ou será que estou perdendo a fé e ficando cética demais? Será que preciso parar de ler a bíblia e ser menos racional e mais emocional?!
Logo ao entrar, deparei com uma gigante, e até que bonita, árvore de natal sob o pulpito. A árvore de natal, usada nesta época, para alguns teólogos e historiados que estudam simbolismos, carrega vários conceitos pagãos (bem não estou interessada em aprofundar nisso pois não é o objetivo, mas existem na net vários estudos sobre o assunto). Fora essa polêmica, ela é um símbolo forte de consumismo da modernidade (os publicitários que o digam!).
Confesso que me entristeci em ver aquela árvore ocupando espaço num local que é especial no templo. O pulpito, ao meu ver, é um local de seriedade e consagrado pois é ali que a pessoa que será usada para ministrar a Palavra de Deus estará. É ali que estará que uma pessoa, um obreiro, será usado por Deus para nos falar.
O culto iniciou e, como todo final de ano, estava cheio de programações. Opastor chama as crianças para apresentarem o que fizeram para celebrar o natal. Neste momento, vejo algo me deixa perplexa: as crianças entram vestidas de beca branca e vermelho e gorro da mesma cor. Não são as cores ou a beça que me choca. O que me choca é o gorro! Sim, elas usavam o gorro do Papai Noel! Dos pequeninos aos adolescentes, todos usavam em suas cabeças um gorro de Papai Noel.
O Papai Noel, além de ser um dos maiores simbolismos culturais da cultura católica ( lenda de São Nicolau Finlândia), e da cultura consumista, também é rechassado por vários teólogos - seja pelos simbolismos pagãos encontrados nele, seja pela ênfase dada a esse personagem que muitas vezes ofusca a verdadeira comemoração do Natal.
Pode até parecer bobagem minha, mas aquilo tudo me deixou muito frustada e chateada. Já imaginei o nosso antigo pastor, já falecido, que era responsável pelo ministério infantil, contorcendo-se no caixão decepcionado, perguntando-se "Aonde foi que errei?!". Ele, com toda certeza, não admitiria o uso do gorro pelas crianças...
Neste momento já estava apreensiva, receosa... Pensava comigo "Agora só falta o pastor entrar vestido de Papai Noel".
Graças a Deus, ele não apareceu vestido da forma eu temia. Estava, como de costume, vestido com seu terno e gravata - talvez da marca Armani, ou outra parecida, não sei... Elogiou as crianças, os trabalhos de evangelismo dos jovens, e apresentou os pastores visitantes que pregariam nos três dias de "Campanha Profética". Eu creio no dom de profecias, mas admito que o termo "profético, profecia, profeta", que hoje em dia é tão mal usado, me dá calafrios.
Logo em seguida ele passou o pulpito a um dos pastores visitantes, que iniciou sua pregação baseda no texto de Hebreus 11, que fala de fé. E assim lemos o versículo 6 que diz "De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam." E foi uma benção! Creio que todos foram tocados de forma profunda pelas belas palavras. Deus falou em particular com algumas pessoas ali também... Tudo corria bem, até que no final da pregação o pregador fez uma introdução para o culto que prosseguiria na segunda sobre a "campanha profética". Ele disse que distribuiria cartões com seu nome e logo e que, na parte de trás do cartão, haveria espaço para que colocássemos nosso nome, cpf e rg. E que aquele cartão seria nosso "céucard". Disse também que esse cartão deveria ser usado sempre que vissemos algo que gostaríamos de adiquirir, de comprar, e não tivéssemos dinheiro. Segundo o tal pastor, você passa o cartão na máquina de créditos invisível e fala para Deus que está comprando aquele "bem material", e Deus vai te dar o bem.
Para finalizar e me deixar mais indignada - e acabar de vez com a unção anteriormente derramada - ele distribuiu folhas sulfites que, quem as pegasse, deveria escrever suas necessidades e pedidos e, no último dia da campanha, entregá-lo devolta ao pastor com o pedido e também 100 reais embrulhados (dinheiro ou cheque). É claro que, aqueles que sentissem no coração de dar mais, estariam a vontade para fazer sua oferta de fé.
Enfim, acabei saindo antes da benção apostólica. Estava frustada e triste pois concluí que o Papai Noel não usa mais roupa vermelha e branca, mas sim terno e gravata.
Antes de mais nada peço que, aqueles que presenciaram a cena e não concordarem com meu ponto de vista, sintam-se a vontade para falar o seu. Não estou aqui para julgar quem acredita ou não. Somos livres para crer naquilo que achamos melhor, Deus nos dá livre arbítrio para fazer nossas escolhas... E devido essa liberdade aproveito para expressar meus pensamentos e meus conceitos. Uma coisa que afirmo é que não aceito os conceitos de teologia prosperidade e não é isso que tenho aprendido com a Palavra de Deus.
E lendo Hebreus 11 vemos que a fé não depende de "simpatias" ou campanhas "gospeis" para existir. Como ex-católica convertida desde 2003 ao Protestantismo, abomino - no fundo sempre abominei - essas práticas que levam o indivíduo a usarem motivos para ter fé, ou recorrem a determinadas práticas em busca de saciar próprios desejos. Os três versículos iniciais deste capítulo diz : "Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem".
Fé é crer naquilo que não se vê, crer que o impossível pode acontecer. É entregar sua vida integralmente nas mãos do Pai Celestial e confiar que Ele nunca lhe deixará faltar nada. A oferta e o dízimo que dou deve ser dado por amor, e não esperando algo em troca. Posso até escrever num papel meus pedidos e desejos se Deus mandar eu fazer isso, mas não significa que eu deverei embrulhar uma quantia x de dinheiro dentro desse papel e dar a um obreiro para que esses desejos sejam alcançados... Até porque, de repente, aquilo que pedi pode não ser o propósito de Deus para mim, pode não ser certo.
Creio que hoje existem muitos crentes frustados por pedirem, fazerem campanhas, e não verem aquilo que pedem concretizados. Mas estes esquecem de perguntar a Deus se aquilo que pediram realmente é de Deus para a vida deles.
É triste ver conceitos tão distorcidos da bíblia entrarem nas igrejas e, infelizmente, não poder fazer nada para mudar essa realidade. A única coisa que posso fazer é orar pedindo sabedoria a Deus, para mim e para todos nós. Shalom!

3 comentários:

  1. Desde já peço desculpas pelos erros, não tive tempo de corrigir o texto... mas depois eu o corrigirei

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  2. Eu não sei o que é pior mesmo Papai Noel ou ceucard. É o fim da picada. Até parece que Deus anda distribuindo cheques em branco a torto e direito.

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  3. É estranho, muitas igrejas eram totalmente separadas do mundo, tendo costumes tribais... ai agora todas liberam tudo pela "estratégia" creio que uma hora chegaremos num consenso ou então será o sincretismo dominando a igreja.

    Mas o mais interessante é que Jesus é o pastor principal e os que são dEle serão sempre e sempre estarão se levantando contra seu próprio pecado e contra os que pecam zombando de Deus.

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